Quer queiramos, quer não, vivemos subordinados por uma porção de carne, um órgão, o coração! Quem poderia dizer que um fragmento do nosso corpo, estava por detrás da razão da nossa existência e que, a qualquer momento, nos poderá tirar a vida?
Somos tão altivos, tão grandes, tão superiores, que não percebemos que somos nós que nos destruímos a nós mesmos, possuímos dentro da nossa essência uma bomba atómica, repleta dos mais profundos sentimentos e das mais amarguradas mágoas, que a qualquer instante poderá fazer ‘boom’, e acabar com tudo o que construímos e o que deixámos por construir. Desaparecemos nesse ápice!
Mas apesar de o nosso coração bombear sangue, às vezes, impõe-se questão que podermos estar mortos, metaforicamente, no nosso interior, sem sentimentos, ressentidos, vazios. É infeliz, contudo podemos alcançar esse nível de inutilidade interna.
Vagueamos, moribundos num mar de melancolia e solidão. Proclama-se então a necessidade de conhecermos a palavra ‘valor’ e de lhe darmos uso!
Será que nos damos valor a nós próprios? Será que, por uma vez na vida, reconhecemos as nossas qualidades e colocamos de parte os defeitos? E as pessoas que nos rodeiam, será que evidenciamos o valor que elas nutrem e o demonstramos?
Somos como que pequenas ‘flores’ neste ‘jardim’ a que chamamos sociedade, flores que podem ser colhidas por qualquer pessoa, maltratadas, espezinhadas, largadas no chão e murcharem, mas que também podem ser protegidas, estimadas e acarinhadas por mãos que saibam dar valor e que vêm a beleza, pureza e a importância de uma simples flor.
Gosto de me ver como uma “flor” que é o resultado de tudo o que já passou por mim, o que sofri, as vezes que murchei e que voltei a nascer, e as ocasiões em que me deixavam espezinhada no chão até alguém me pegar, essa flor que alguém cuidava e que não deixava desprezada num canto, essa flor que era utilizada para transmitir valor num simples acto de oferta. A muitas pessoas falta valor, não parecem ter qualidade alguma nem utilidade, não se lhes vê alguma mais valia, mérito ou préstimo, no entanto, acredito que essas pessoas servem para darmos valor a outras. Servem como exemplos que nos ajudam a destacarmos dos outros, que nos ajudam a encontrar o nosso caminho em direcção ao carácter e valor!
Assistimos ao rebaixamento que certas pessoas provocam nas outras, a ambição de atingirem os seus fins sem darem consideração ao efeito negativo que isso possa originar, são fúteis, invejosas e sem escrúpulos, são pessoas que têm que aprender a melhorarem-se a si mesmas e também pelos outros.
Apesar do nosso valor estar na importância que temos para as pessoas que nos rodeiam, está também e principalmente na nossa própria valorização, no nosso mérito, nas nossas virtudes, na capacidade de tentarmos e querermos ser melhores.
Devemos seguir o lema: “Somos melhores quando nos superamos a nós próprios, não quando superamos os outros.”
Muitas vezes não valorizamos as pessoas que nos rodeiam, que nos apoiam, que estão lá para nós quando precisamos, porque essas pessoas tomamos como garantidas. Nada é garantido, tudo é efémero, passageiro. De um dia para o outro podemos perder alguém predilecto, sem termos oportunidade de lhe dizer e mostrar o quão importantes eram e quanto valiam para nós. Quando perdemos um amigo e não temos como lhe dizer o quanto gostávamos dele, é aí que o mundo desaba, quando estamos tempo demais a pensar em nós próprios e não nos resta nenhum para nos dedicarmos aos outros, apenas com pequenos actos.
Sortudos aqueles que fazem por isso e o conseguem antes que seja tarde demais!
Não pensem naquilo que já perderam durante a vida, isso não voltará, pensem sim naquilo que podem estar a perder e podem vir a perder por não valorizarem quem está à vossa volta, e assim aprendem o que é realmente dar valor e não apenas recebê-lo.
Sejam autónomos e distingam-se dessas máquinas monótonas que a sociedade transformou, compreendam que a essência da nossa existência baseia-se em viver, com pés e cabeça, e não apenas seguirmos os outros, sem pensar por nós próprios!
Sejam autênticos e preocupem-se!
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Vanessa Botelho
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